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Comunicação Política

Comunicação Política

18
Fev11

3.2 Fotos e ilustrações

rgomes

Alguns eleitores nunca terão um contacto directo com os candidatos.
A única forma é através de materiais de campanha. Mesmo assim, alguns nunca vão ler os textos. Ficam apenas com um olhar sobre as imagens. Daí a importância das fotos e ilustrações nos materiais escritos.
Devido à relevância que têm em todo o material de comunicação política, as fotos devem ser tiradas por fotógrafos profissionais.
A pessoa que vai ser fotografada é vista de frente, olhos nos olhos, sem um ar distante ou orgulhoso.

Foto oficial de António Guterres

“Apenas um rosto, com uma expressão suave, um ligeiro brilho nos olhos, uma vaga auréola messiânica e um sorriso tranquilo. Pormenor final e fundamental: António Guterres olha-nos nos olhos. A fotografia está tão bem conseguida que não é possível passar a página sem nos fixarmos nesse olhar transparente do primeiro-ministro. É esta simplicidade que resulta. Dispensa palavras. A imagem, só por si, transmite a mensagem requerida: confiança, serenidade e saber. É um homem acima dos outros. Distante, mas próximo. Quem fez isto sabe, decididamente, o que está a fazer…”. Luís Delgado. DN, 22 Outubro 1998.

A mesma pose teve António Guterres no cartaz das legislativas de 1995.


Esta foto de António Guterres foi também utilizada nos materiais de campanha de 1999, porque «não havia nenhuma fotografia tão boa como aquela e António Guterres estava mais gordo», disse Edson Athaíde à Capital em 10 de Agosto de 2004.


Agora, em contraponto, veja-se a pose de Durão Barroso num outdoor que colocado em Julho de 1999.

A pose não é a mesma. Durão Barroso aparece mais de perfil.

Uma outra diferença é a mancha escura numa das faces.

Nas legislativas de 2002 Durão Barroso já tinha outra postura nas fotos.

Muito mais cuidada. Sem sombras e directo.

Esta fotografia foi usada no mailing enviado para as casas dos eleitores.

Nos cartazes, as fotos eram muito semelhantes porque foram tiradas na mesma sessão e com a mesma roupa.


O estranho foi quando Durão Barroso assumiu o cargo de primeiro-ministro.


Durante dois anos recorreu a uma foto oficial mais fria e sem os ícones nacionais.

 

 


Segundo relata o Expresso de 3 de Janeiro de 2004, «Durão Barroso resistiu quase dois anos a ter uma fotografia oficial – mas acabou por ceder.

Os insistentes pedidos de várias entidades (com especial destaque para as embaixadas, que naturalmente querem ter as fotografias dos primeiros-ministros) acabaram por falar mais alto.

O fotógrafo foi Homem Cardoso (…). O objectivo foi ser uma foto muito simples, tendo como único fundo a bandeira nacional».


José Sócrates - foto no site do PM na biografiaEstranho é também o comportamento de José Sócrates. Dois anos após a tomada de posse como primeiro-ministro, o site do gabinete do chefe de governo mostrava na biografia uma foto inadequada. Na verdade tem o fundo com os ícones nacionais mas a pose é demasiado informal e esteticamente ficam muito aquém das fotos de Guterres e de Durão Barroso.


O lote de fotos deve ser variado: com crianças numa escola; em instalações de tecnologia avançada; num local muito conhecido; num colégio ou universidade com jovens; num parque, lago, rio ou outra área que sirva de referência para questões ambientais; num centro comercial ou mercado; num escritório ou local de estudo com um fundo com livros; com a comunicação social (microfones apontados ao candidato), com a família….

Uma outra regra que habitualmente é seguida é evitar fotos de corpo inteiro.
Um outro cuidado é evitar a utilização da mesma roupa em várias fotografias.
Há também quem não perca a oportunidade de obter fotos com figuras/personalidades com grande notoriedade e, preferencialmente, junto dos cidadãos.
Nas fotografias tiradas em locais públicos é habitual o recurso a apoiantes, a envolverem a imagem do candidato. Este cenário não pode aparecer de uma forma artificial, mas antes, dar a ideia de um diálogo entre o candidato e as restantes pessoas que, por sua vez, em materiais de campanha, devem corresponder aos arquétipos dos eleitores do círculo eleitoral.

As fotos mais formais são as escolhidas para a imprensa. Devem ser enviadas para as várias revistas e jornais, na edição de papel e electrónica. Antes de momentos políticos marcantes devem ser entregues fotos recentes para os arquivos desses órgãos de comunicação social ficarem actualizados. Teresa Roncero Villa (1), num estudo efectuado em 1998 sobre a campanha para as eleições legislativas em Espanha concluiu que muitas das fotos utilizadas por três jornais nacionais eram de arquivo. Por exemplo, o ABC foi o jornal que publicou mais fotografias de Felipe González e «a totalidade das fotos são de arquivo. Portanto, nenhuma das fotos tem valor noticioso no sentido de informação actual. (…) A valência das fotografias é rotunda: 100% negativas» Em relação a Aznar, a situação foi bem diferente. «73% são fotografias de actualidade (…) e todas as fotografias têm um significado positivo». Estas fotos eram trabalhadas pelos editores gráficos e em muitos casos reenquadravam o líder partidário, «não atribuindo ao protagonista funções práticas ou funcionais (o que fazem, como, com quem, onde) mas apenas categorias morais (como sou), através de um repertório de gestos».

Para evitar uma utilização nefasta das imagens que são enviadas para os órgãos de comunicação social deve ser feita uma selecção rigorosa e ter em conta os elementos atrás referidos.
Nos panfletos e newsletters podem ser usadas fotos informais, preferencialmente em locais de fácil reconhecimento e com carga simbólica para a comunidade a que se dirige o candidato.

As fotos devem ser editadas, nomeadamente seleccionar (recortar) a parte mais dinâmica, que concentre o olhar no candidato e permita uma mais eficiente interacção com as outras pessoas.


Dois exemplos publicados no “Povo Livre”, o órgão oficial do PSD.


Esta é uma foto bem conseguida.

Podia, eventualmente, ser melhorada se tivesse sido cortada. Evita-se a dispersão do olhar do leitor por outros elementos que nada acrescentam à mensagem que se quer transmitir.

Povo Livre

O mesmo não se pode dizer desta imagem, quando se pretendeu realçar a presença do então líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa.


As fotografias dos dirigentes políticos ou candidatos podem ainda ser enquadradas com outro material gráfico. Tudo depende do fim que se pretende alcançar.

Pode até haver uma “interacção” entre a foto e o texto, mas nada de complicado - simples e eficiente.

Preferencialmente com outros elementos gráficos que identifiquem a foto: o nome, o símbolo partidário, o número do candidato – da mesma forma como estão no boletim de voto.

 

(1) Teresa Roncero Villa; Noticias o carteles electorales? Imagem política en prensa e info-propaganda; Revista Latina de Comunicación Social; Octubre de 1998 – número 10

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