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Comunicação Política

Comunicação Política

18
Fev11

3. Publicidade Paga

rgomes

As organizações políticas produzem muitos materiais de comunicação. O mesmo sucede no governo e nos municípios.


No caso do governo, há uma estrutura mais reduzida que faz a condução da comunicação política e dos meios a que se deve recorrer.


Por vezes esta entidade é difusa, está nas mãos de um ou dois membros do executivo, pertencentes aos ‘inner circle’ do primeiro-ministro. Outras vezes é assumida e até publicitada.

«Sarmento monta central de imagem»
Nuno Morais Sarmento vai criar, na Presidência do Conselho de Ministros, uma Direcção de Comunicação do Governo. Segundo o ministro da Presidência disse ao EXPRESSO, a ideia é «sistematizar e uniformizar a informação» relativa aos vários departamentos por forma a ultrapassar a má estratégia de comunicação do anterior Executivo.
Para accionar o novo serviço, o Governo deverá contratar entre 20 a 30 pessoas, mas o ministro garante que uma vantagem desta direcção de comunicação será a «redução de custos», alegadamente por deixar de ser necessário requisitar alguns serviços externos como acontecia até aqui.
»
Expresso nº1657; 31 Julho de 2004.


No caso dos partidos políticos a organização desta «máquina» de comunicação é mais complexa, devido à dimensão e à descentralização na tomada de decisões.
Tendo em conta estas dificuldades, os maiores partidos definem uma «grelha» que todos terão de seguir.


Este documento, habitualmente designado como manual de campanha, tem referências sobre o modo como deve ser feita a comunicação política e a uniformização do tratamento gráfico dos materiais de campanha.

PCPEste foi o manual enviado pelo PCP para as várias estruturas distritais nas legislativas de 2002 e colocado na Internet. Todas as imagens tinham uma versão a cores e outra a preto e branco.

PSNas eleições autárquicas de 2001 o PS também produziu um manual de campanha. É um documento mais desenvolvido, da autoria de António Galamba. Além das regras de utilização gráfica do símbolo e de outros materiais de campanha (como por exemplo um panfleto para um comício), era dado suporte legislativo. Explicava-se a legislação sobre a colocação de cartazes, a propaganda sonora e, entre outros elementos, eram disponibilizados modelos sobre os formalismos necessários para as candidaturas.


Em síntese, as regras propostas nestes manuais são as seguintes:

1. O design deve ser o mesmo em todos os materiais.
2. Os símbolos da organização partidária devem corresponder na íntegra aos símbolos usados a nível nacional. Para um mais fácil reconhecimento e identificação, convém usar o mesmo tipo de letra e cores nos ícones.
3. Evitar acusações pessoais aos outros candidatos/candidaturas.
4. A linguagem deve ser simples, concreta, directa, em vez de conter abstracções, longas explicações e textos rebuscados . A linguagem deve corresponder à linguagem usada pela população a que se destina o material.
5. Palavras curtas e claras quanto ao sentido que se pretende transmitir.
6. Redigir através do sujeito activo em vez do sujeito passivo. ( ex.: “a assembleia municipal decidiu “, em vez de “numa reunião da assembleia municipal foi decidido”.
7. Evitar excesso de detalhes, jargões técnicos e uma linguagem emocional.
8. Falar de casos da vida real. Abordar os temas do ponto de vista humano e com exemplos locais.
9. Afirmação pelos aspectos positivos das propostas/candidatura.
10. A informação que se pretende transmitir deve ser completa - ou seja deve dar resposta às seguintes questões: quem, o quê, quando, onde e porquê.
11. O texto não pode ser longo.
12. Deve haver um equilíbrio em termos gráficos - algum espaço branco, fortes contrastes e uma “mancha” não muito carregada ou pesada. Se tiver muito espaço em branco, o documento pode parecer trabalho de um amador, vazio e pouco consistente. Se tiver pouco espaço branco pode parecer carregado e é difícil para os leitores extraírem a informação desejada. Deve haver espaço branco entre colunas, parágrafos, linhas, palavras e por vezes entre letras.
13. Na elaboração dos documentos com várias cores, é preciso por vezes levar em conta a posterior utilização do documento a preto e branco. As cores utilizadas nos ícones nacionais têm de ser iguais.
14. Terminada a redacção do documento, deve-se reler e/ou ler a outra pessoa. Avaliar sempre se o documento é facilmente perceptível a quem se destina e se responde a todas as dúvidas e interrogações do receptor. Os adversários políticos não perdoam os nossos erros.


Por último, deve-se ter em conta que todos estes processos implicam custos e nem sempre são fáceis de suportar.
Repare-se no valor declarado nas Legislativs de 2005. Segundo o Tribunal Constitucional, os cinco partidos com representação parlamentar gastaram mais de 13 milhões de euros na campanha eleitoral. O PSD foi o partido mais gastador, com custos acima dos 4,7 M€. Segue-se o PS que gastou 4,6 milhões de euros.

Nas Europeias de 2009 o valor declarado no Tribunal Constitucional foi superior a 8 milhões de euros: "O PSD é o partido que prevê gastar mais com a campanha eleitoral para as eleições europeias, com um orçamento de 2,2 milhões de euros, e o POUS o que vai gastar menos, apenas 720 euros. Ao todo, as 13 forças políticas (12 partidos e uma coligação) candidatas às eleições de 7 de Junho vão gastar 8.204.740 euros com a campanha eleitoral." Público

Nas Legislativas de 2009 foram gastos mais de 11,5 milhões de euros. Aqui, pode ver em detalhe onde foi gasta esssa verba.

 

Nos EUA estes valores atingem quantidades exorbitantes. As presidenciais de 2008 foram as mais caras.

Segundo a Comissão Eleitoral Federal (FEC) o candidato republicano John McCain arrecadou 230 milhões de dólares e gastou 194 milhões. Por sua vez, Barack Obama, recebeu 454 milhões de dólares (recebeu donativos de cerca de dois milhões de eleitores, algo sem precedentes na história eleitoral dos EUA) e gastou 377 milhões.
A estas verbas há ainda a somar as eleições primárias. A verba total atingiu 1,352 mil milhões de dólares recebidos por 27 candidatos --12 democratas, 11 republicanos e alguns independentes, entre inícios de 2007 e outubro de 2008.


Num
estudo realizado no Brasil, em 2008, pela Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), custo médio de uma campanha para prefeito nas últimas eleições foi de US$ 14 por voto e para vereador, US$ 8 por voto. Nas eleições presidenciais de 2010 os vlores foram igualmente elevados:
somaram gastos de R$ 3,23 bilhões, incluindo as despesas referentes ao segundo turno para presidente da República e para governador de oito estados e do Distrito Federal, de acordo com as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Foram R$ 2,78 bilhões gastos no primeiro turno e R$ 444 milhões pelos candidatos que concorreram no segundo." Fonte: NoticiaJá


Por vezes é exigido um orçamento rigoroso tendo em conta a tentação em gastar mais dinheiro na parte final das campanhas.

18
Fev11

3.1 Publicidade

rgomes

Nas eleições legislativas de 1999 ocorreu uma polémica com o anúncio de um livro da autoria de um instituto ligado ao PSD.

PSD anúncio O anúncio divulgava o livro “Promessas”. Esta edição, segundo constava no anúncio, fazia “ uma comparação exaustiva do prometido por António Guterres durante a campanha eleitoral de 1995 e do realmente cumprido durante os 4 anos de governo Socialista. Se ainda não tem leitura de férias não deixe de comprar este livro. Verá que é para rir de tanta promessa por cumprir.”

O argumento utilizado foi o de o autor do anúncio, o IPSD, não ser uma organização partidária e, por isso mesmo, não estar limitado à legislação eleitoral.
O mesmo entendimento não teve a Comissão Nacional de Eleições que mandou suspender o anúncio.

A justificação foi “os anúncios comerciais de realizações que possam promover uma força concorrente, inclusivamente por criticar outras forças, constituem propaganda política, embora feita indirectamente”.

O curioso é que uma das televisões que transmitia o anúncio recusou a suspensão, argumentando que este era “perfeitamente legal” e que a Comissão Nacional de Eleições não tem “competência para mandar suspender a transmissão e divulgação de anúncios nos meios de comunicação social”.

A polémica só parou quando o IPSD pediu à SIC para suspender a transmissão do spot publicitário. A questão é que, entretanto, durante vários dias, o anúncio foi transmitido enquanto publicidade e inserido em dois telejornais. Quando foi tomada a decisão, já passavam cinco dias.
Na sequência desta polémica a CNE mandou também suspender uma iniciativa do PS que, através de uma avioneta, desejava boas férias aos veraneantes que estavam nas praias do Algarve.
A polémica provocou também um debate sobre os instrumentos que o Governo usava para divulgar várias iniciativas e projectos. No entender do PSD tratava-se de publicidade partidária.
Neste debate surgiu também a interrogação sobre a proibição de publicidade comercial às actividades partidárias.

Num ponto estavam quase todos de acordo: a actual legislação não serve. Um exemplo: um partido político não pode contratar uma empresa para colocar um outdoor. Mas se comprar o espaço publicitário, mesmo que de forma transitória, se for o proprietário desse instrumento, já nada o impede de fazer publicidade comercial….

Apesar destas polémicas, é frequente os partidos políticos recorrerem a publicidade, essencialmente nos jornais, para divulgação de tempos de antena, encontros com dirigentes nacionais e comícios.

18
Fev11

3.11 Linhas verdes

rgomes

São linhas telefónicas de informação e de esclarecimento para os eleitores. São criadas apenas em campanhas eleitorais.

São ligações grátis para quem faz a chamada.
Quem presta as informações tem de ter uma formação adequada. Para facilitar o trabalho é elaborado um guia de respostas às matérias mais polémicas.

O objectivo primeiro é esclarecer as dúvidas dos eleitores e simultaneamente reforçar a imagem de abertura e disponibilidade para prestar esclarecimentos e  receber sugestões.

Uma outra função é permitir o feed back das acções de campanha eleitoral e aferir os temas que mais preocupam o eleitorado.

Na prática,  serve como um “farol” sobre a forma como está a evoluir a campanha.
Para garantir uma maior eficácia há mais de um número de telefone e o serviço é profusamente divulgado nos materiais de campanha. Sempre com o destaque de que é gratuito.

Nos Estados Unidos o telefone foi utilizado para outros fins. Para o envio de mensagens negativas. Um exemplo teve lugar em 1992, com Bill Clinton. «Publicidade encorajava os eleitores a fazerem uma ligação a um número especial onde podiam ouvir alegadas gravações de Bill Clinton no “affair” com Genifer Flowers». - Political communication today; Duncan Watts; Manchester University Press; 1997

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