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Comunicação Política

Comunicação Política

12
Mai13

2.11 Estratégias de Ataque e Defesa

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O jogo político não permite empates embora, no plano político, possa haver mais do que um vencedor.

Num confronto directo entre duas forças políticas, a conquista de uma vantagem para uma das partes implica sempre uma desvantagem para o oponente.


O comportamento da acção política passa assim por uma relação que não implica o meio-termo. Ou se ganha ou se perde. Ou se ataca ou se defende.

Este é outro elemento determinante no processo de produção da comunicação política. A forma, o conteúdo e a oportunidade são essenciais para se conseguir desenvolver estratégias de ataque e defesa


Ataque:
Muitas das iniciativas que se desencadeiam têm como principal objectivo condicionar o comportamento do adversário. É uma estratégia de ataque.

 

 

No caso do vídeo, trata-se de uma ofensiva de Hilary Clinton contra Obama, nas primárias dos Democratas em 2008, onde Hilary tentou tirar partido da imagem de inexperiência de Obama.



Nem sempre é usada contra um adversário já identificado. Por vezes, para se dar a ideia que de se vai «de vitória em vitória», ou seja, que se ganha força, é “inventado” um adversário.

Pode ser uma personalidade, um grupo, uma organização ou até mesmo uma situação que seja apontada como um obstáculo. Esta é uma situação recorrente em congressos partidários onde as lideranças tentam potenciar um adversário interno que se sabe, à partida, não tem a mínima possibilidade de vencer.


Quando se escolhe um adversário principal e a forma como pode ser combatido são realizados estudos para se perceber a opinião dos eleitores. É mais fácil e mais eficaz avançar com iniciativas que realcem as características negativas que o eleitorado já atribuiu ao adversário.


Muitas vezes estas ideias pré-concebidas ajudam a dar credibilidade às acusações. Em outras circunstâncias, quando se vai mais longe, é preciso avançar com provas evidentes.
Através desta identificação do “inimigo”, conseguem-se sinergias e coesão interna, além de, recorrendo a algum dramatismo, maior visibilidade nos média.


Se a pessoa ou organização que se pretende atingir for muito popular, é difícil avançar com ataques essencialmente de natureza pessoal. A não ser que existam provas evidentes, credíveis, e que, à partida, possam provocar a condenação do eleitorado.


Ao contrário, se o alvo é uma personalidade ou uma organização desconhecida, sem notoriedade, raramente é lançada qualquer ofensiva, porque isso só acabará por a promover. Um exemplo desta situação ocorreu com o candidato do PSD/PP à câmara do Porto, em 1997. Carlos Azeredo, segundo uma sondagem publicada na altura, tinha 30% de notoriedade. Com uma polémica gerada por um artigo do candidato do PSD, no JN, sobre o “ouro nazi”, a sua notoriedade aumentou para os 80% (um maior conhecimento que pode não ser pelas melhores razões).


A estratégia de ataque que aposta no desgaste de um adversário tende a alongar-se. Um dos métodos mais frequentes é lançar a conta-gotas alguns dados e depois fornecer elementos a jornalistas, para a eventualidade de alguns órgãos de comunicação social fazerem uma investigação própria. Os dados que dão consistência à acusação têm de ser credíveis e facilmente perceptíveis pelo cidadão comum.


A eficácia é maior quanto menos difuso é o alvo. A comunicação é muito dirigida, focada apenas nesse alvo e evitam-se polémicas que arrastem a discussão para matérias secundárias e por vezes vulneráveis.


Saliente-se no entanto que uma estratégia de ataque não se fica apenas por criticas aos adversários. Exige o passo seguinte. Apresentar propostas, uma mensagem alternativa e positiva. Primeiro diz-se o que está mal e depois apontam-se caminhos alternativos.



Defesa:

Numa estratégia de defesa, uma reacção frequente é lançar novas polémicas. Mensagens que despistam a questão essencial e provocam ruído. A um ataque responde-se com outro ataque. A comunicação política concentra-se numa iniciativa que visa condicionar o adversário e, simultaneamente, evitar que um tema negativo continue na agenda dos media.

 

Barak Obama respondeu ao spot comercial com um contra-ataque. Ao contrário dele, Hilary Clinton apoiou a invasão do Iraque. O relevante não é quem atende o telefone mas a decisão que se toma.

 


Um outro exemplo.  Santana Lopes quando da agitação criada com a saída de Marcelo Rebelo de Sousa de comentador da TVI e depois de uma sucessão de casos negativos para o Governo, principalmente o fracasso da colocação da lista de professores.
Num contexto em que, durante vários dias, políticos e a comunicação social confrontavam o governo com estes desaires, Santana Lopes criou grande expectativa em relação à mensagem que ia divulgar num tempo de antena.
A transmissão passou na íntegra nos espaços nobres da informação televisiva e incidiu sobre as novidades do orçamento de estado: aumentos salariais e das pensões e diminuição dos impostos.
No dia seguinte não se falou do caso Marcelo Rebelo de Sousa. A agenda política e dos media foi dominada pelo anúncio destas medidas positivas.


Um outro exemplo muito recorrente é quando se tem conhecimento de que vai ser divulgada uma sondagem com resultados desfavoráveis. Se existir um outro estudo, não desfavorável, divulga-se esta última sondagem e, se possível, antecipadamente. Com tantos números e ainda por cima com indicações contrárias provoca-se ruído e, desse modo, anula-se parte dos estragos.


Numa estratégia de defesa, na grande maioria dos casos, o objectivo é reduzir os estragos.
A situação mais difícil é quando se é obrigado a abandonar a luta. É uma opção que tem de ser assumida com frontalidade. E rapidamente, para evitar um desgaste acentuado.


Foi o que não fizeram os ministros do Ensino Superior e dos Negócios Estrangeiros no caso da «cunha» em Outubro de 2003.
A notícia foi dada no jornal da SIC às 20 horas e, antes, já devia ser do conhecimento do governo porque foi interpelado um Director-geral. Ninguém do executivo se antecipou e nada foi feito – em termos públicos – nas horas seguintes. No dia a seguir, o caso foi destaque em toda a comunicação social e todos os partidos políticos exigiam a demissão dos ministros. Parte significativa desta opinião surgiu também nos ‘fóruns’ promovidos pela TSF e pela Antena1. Quando às 13.30 horas Pedro Lynce anunciou a sua demissão, já estava sujeito a grande pressão, com a imagem desgastada, e para alguns ficou a ideia de que se demitiu a «pedido» da comunicação social. O mesmo se passou com Martins da Cruz que saiu do Governo dias depois.


Este exemplo mostra igualmente que não são relevantes apenas o conteúdo e a forma da mensagem. Na comunicação política são igualmente determinantes o tempo e a oportunidade.


Habitualmente o anúncio destas decisões é feito em comunicado. Uma rara excepção foi quando o ministro Pedro Lynce foi ao Parlamento anunciar a sua demissão.


Em algumas circunstâncias, quando este tipo de estratégia de defesa é feita de forma correcta, até se consegue dar a “volta”. Vejam-se os exemplos dos ministros Murteira Nabo e António Vitorino (nos governos de António Guterres). A rapidez, a forma “digna” como se demitiram, permitiu-lhes ganhar um capital de simpatia e admiração.


Outras possibilidades de se tentar controlar os estragos são: negar, explicar ou pedir desculpa.


Se a opção for negar a acusação de que se é alvo, utilizam-se argumentos bem evidentes e que não deixam qualquer margem para dúvidas. Se possível recorre-se a testemunhos independentes, para dar maior credibilidade à argumentação.


Outra possibilidade é dar uma versão dos acontecimentos. Nesta explicação não se tem a preocupação de explicar pormenorizadamente questões secundárias, a não ser que exista um dado ou uma prova forte, que anule a argumentação contrária. Se assim for, salienta-se apenas este ponto, apontando-o como exemplo de que a acusação não tem sentido. Através duma explicação, os eleitores poderão reflectir sobre a acusação e a resposta. O resultado varia com a interpretação que os eleitores fazem das duas versões. Depois da explicação pública é frequente o recurso a contactos informais com jornalistas, para explicações detalhadas. À explicação convém ser coerente e mantida durante o tempo necessário.


Outro recurso de defesa é o pedido de desculpa. É uma forma eficaz, mas funciona apenas uma vez. Se for repetida, já não tem credibilidade. Também não funciona se antes do pedido de desculpas se optou por negar as acusações. Significa que se mentiu. Foi, de certa forma, o que se passou com Bill Clinton e o caso “Monicagate”.


A optar-se por um processo de desculpas públicas, deve ser feito em grande.


Ainda numa estratégia de defesa, pode-se recorrer ao contra-ataque - tenta-se anular o efeito da acusação e, se possível, obter proveitos. Na prática é transformar a acusação de que se é alvo em ataque ao adversário. De certa forma ignora-se a questão essencial da acusação e, recorrendo a um pormenor ou ao momento em que tem lugar a polémica, transforma-se esse dado de fraqueza em motivo de contra-argumentação.


Algumas notas finais:
a) Se não se sabe como reagir o melhor é ignorar-se a iniciativa. Por outro lado, se um ataque estiver localizado apenas num único órgão de comunicação, a resposta surge apenas nesse meio de comunicação social. O objectivo é evitar o derrame da acusação para os restantes media. Caso contrário, se a acusação já estiver espalhada de uma forma generalizada, utilizam-se todos os meios possíveis para a defesa. Pode-se mesmo recorrer a publicidade paga, nomeadamente com inserções nos jornais.
b) Se algum meio de comunicação social, com um nível de audiência razoável, avançar com um escândalo, é bom que se fique, desde logo, com a noção de que os estragos nunca serão anulados. Mesmo que tudo seja falso. Mesmo que o próprio órgão de comunicação social reconheça na edição seguinte que houve um erro. Mais, mesmo que se dê tanto destaque à rectificação como se deu à noticia errada. Podem-se diminuir os estragos, mas em alguns casos já ninguém tira a “nódoa”. Então se o processo avançar para tribunal, quando for conhecida a sentença, já ninguém se lembra do caso. Casos destes não faltam.
c) Há quem jogue sujo. Em algumas organizações existe mesmo uma estrutura encarregue deste trabalho, cuja caracterização é feita do seguinte modo por Ronald A. Kuntz: “grupo de acção e combate - é o encarregado de acções anti-éticas ou trabalho sujo da campanha, tais como espionagem e contra espionagem, veículação de folhetos apócrifos, levantamento da vida do candidato adversário, difusão de boatos, segurança do candidato, sabotagem de material”.

cartazes de Marelo rebelo de Sousa

Um dos casos mais conhecidos teve lugar nas eleições autárquicas de 1989. Os cartazes de Marcelo Rebelo de Sousa foram adulterados e confundidos com o nome de uma empresa de reparação de televisores.
A candidatura e Marcelo Rebelo de Sousa atribuíram as responsabilidades aos adversários, acusando-os de intolerância.

No «verão quente» de 1975 eram frequentes estas situações, com sucessivas trocas de acusação entre os partidos. Em alguns confrontos chegou mesmo a haver vítimas mortais. O que levou, nestes momentos políticos agitados, algumas organizações a divulgarem apelos a militantes e simpatizantes para não responderem a provocações.

Em comunicação política há múltiplas formas de recorrer a processos “sujos”.
Só para citar um caso - o presidente Nixon tinha uma estrutura de comunicação que, entre várias funções, escrevia cartas ao director para jornais de praticamente todo o país (com nomes falsos - 25 a 30% das centenas de cartas eram editadas), tinha pessoas arregimentadas para falarem para Talk Shows de rádio e televisão (com núcleos nas grandes cidades) e criou associações “ independentes” que, entre outras actividades, divulgavam estudos, relatórios e sondagens (feitos pelo staff de apoio ao presidente), como se se tratassem de documentos imparciais.

 

Nos Estados Unidos parece banal o recurso a este "jogo sujo", Nas presidenciais de 2008, entre McCain e Obama, segunda narrou a Agência France Press, foram inúmeros os casos:

"   WASHINGTON, 30 Out 2008 (AFP) - Nos dias finais da campanha para as eleições presidenciais norte-americanas, candidatos e eleitores convivem com  cartazes pinchados, DVDs assustadores sobre a invasão do Islão ao Ocidente, panfletos capciosos, alegações de fraude e outros 'truques sujos'.
Na política americana, todos estes itens fazem parte do frenesim final, quando aquilo que um dos lados da disputa considera um truque sujo pode facilmente ser defendido pelo adversário como o mais puro exercício do direito à liberdade de expressão.
Exemplo: há dias, um panfleto falso ilustrado com o brasão do estado da Virgínia começou a ser distribuído, afirmando que "todos os eleitores republicanos e os independentes que apóiam candidatos do Partido Republicano devem, obrigatoriamente, votar no dia 4 de Novembro conforme previsto na lei".
Eleitores que apoiam o Partido Democrata, por sua vez, "devem votar no dia 5 de Novembro", diz o texto.
Panfletos semelhantes em Filadélfia alertam que eleitores com multas de trânsito não pagas ou ordens de prisão pendentes podem ser presos caso apareçam para votar no dia da eleição.
Esse tipo de prática costuma atingir principalmente as minorias - que este ano apoiam em massa o candidato democrata, Barack Obama. Além disso, embora a maioria dos estados americanos proíba propaganda falsa envolvendo as eleições, é difícil cumprir a lei, já que grande parte dessas acções são anónimas e realizadas com a maior discrição possível.
"É uma forma insidiosa de influenciar votos que geralmente passa despercebida pelas autoridades, e os seus responsáveis quase nunca acabam presos", destaca um relatório do Common Cause, grupo americano de vigilância das práticas políticas.
No norte da Virgínia, vândalos pincharam dezenas de placas particulares (colocadas por eleitores em janelas e jardins) de eleitores democratas, escrevendo um 's' por cima do 'b' de Obama, transformando-o assim em 'Osama', numa tentativa de ligar o candidato ao terrorista Osama bin Laden."

Em Portugal as situações mais frequentes são as cartas ao Director e os telefonemas para programas interactivos. Por exemplo, em alguns partidos há gente «arregimentada» para participar nos fóruns da TSF, Antena 1 e da SIC. Durante meses um antigo deputado do PSD entrava no fórum da TSF com nome falso e também a profissão. Numa emissão o jornalista que estava a fazer a condução do programa tratou-o pelo seu verdadeiro nome e ele nunca mais apareceu…


O “dialogo” Defesa-Ataque:
Em 1997 o PSD tentou propagar a ideia de que o governo estava a adiar as reformas e que se limitava a gerir os assuntos da governação.

A frase que mais usava era “Governo que não governa”.

Para evitar o alastrar desta ideia, o PS e o Governo articularam a estratégia do “Gente que Faz”.

Por parte do governo foram desencadeadas iniciativas que incidiam sobre várias medidas que estavam a ser concretizadas.

Membros do governo, acompanhados da comunicação social visitaram vários tribunais que estavam em construção, unidades hospitalares, estabelecimentos de ensino… Era praticamente dedicado um dia a cada tema. Nas eleições autárquicas o PS também deu continuidade a este tema.
Após estas iniciativas, o PSD abandonou, durante algum tempo, a acusação de que o “governo não governa”, acabando por a retomar mais tarde.

18
Fev11

3.14. Internet

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É obrigatório olhar para a Internet como um meio cada vez mais relevante no processo de comunicação. Seja ou não política, quer se trate de campanha eleitoral ou em outros momentos relevantes.

Neste sentido, deve-se ter em conta os órgãos de comunicação social com presença online que, na maior parte dos casos, atingem um auditório mais jovem que não tem contacto, ou tem de forma muito reduzida, com os outros media.

Veja-se o exemplo na noite eleitoral das presidenciais norte-americanas de 2008:

* Yahoo! News: 7.6 milhões de visitantes únicos, 259,244,751 total page views
* MSNBC: 6.8 milhões de visitantes únicos, 232,076,565 total page views
* CNN.com: 6.3 milhões de visitantes únicos, 134,573,839 total page views
* AOL News: 2.5 milhões de visitantes únicos, 45,122,501 total page views
* FoxNews.com:1.9 milhões de visitantes únicos, 31,856,733 total page views

Outro exemplo: a posse de Barak Obama. Segundo o TEK, quando do discurso do novo presidente dos EUA, "no pico dos acessos a CNN suportou 1,3 milhões de utilizadores em simultâneo e chegou a ter de deixar utilizadores em lista de espera para acederem ao directo".

 

A Internet pode e deve ser usada ainda como um meio de produção próprio. Através de uma página, de recursos como e-mail, são enormes as potencialidades.
Actualmente em Portugal, como em muitos outros países, os partidos têm uma página na Internet, mais para marcar presença.
Só em circunstâncias muito especiais, como nas campanhas eleitorais, é que dão maior atenção à sua presença na Internet. É aliás sintomático que, realizadas as eleições, algumas páginas deixam de ser actualizadas e permanecem com os mesmos conteúdos durante semanas.

Nas legislativas de 2002, um dos maiores partidos chegou mesmo a encerrar a página porque tinha os conteúdos desactualizados. O PP na pré-campanha relatava o Congresso que tinha ocorrido anteriormente e quando entrou na campanha eleitoral colocou «De momento não é possível a ligação. Volte em breve»
A página ficou assim até ao arranque das legislativas de 2005.
O site foi reformulado mas, mesmo assim, segundo o Expresso de 20/02/05 “o «site» do
CDS é aquele que menos investe em páginas de campanha, sobre a qual o cibernauta encontra informação apenas na secção «notícias».

Apesar de ser uma área que está ainda a despertar o interesse dos vários agentes políticos, o crescimento da Internet permite, a curto prazo, uma utilização com maior eficácia, e alguns partidos já perceberam esta importância.


Não se estranha, assim, que nas eleições autárquicas de 2001, quatro meses antes do acto eleitoral, já existissem 30 sites oficiais de candidatura e que nas legislativas de 2002 e 2005, PS e PSD entregaram a duas empresas especializadas a gestão da página na Internet. Nas legislativas de 2005 a página do PP foi também desenvolvida por uma empresa especializada.

É crescente o número de utilizadores de internet e também os conteúdos sobre a actividade politica. Em muitas circunstâncias começou a ser prática corrente a consulta a esses conteúdos. Repare-se no estudo realizado nas presidenciais de 2006, pela empresa Ideias e Imagens, onde se referia que 10,6% dos inquiridos consultavam as  páginas na Intenet dos candidatos.

Outro estudo revela a subda de importância da internet em Portugal: "Os dados foram recolhidos entre 27 de Maio e 1 de Junho deste ano, pela Netsonda. Nas últimas eleições legislativas (2005), 31 por cento dos inquiridos utilizaram a Internet como fonte de informação sobre os candidatos, em 2009 o valor subiu para 60 por cento": - TEK

Apesar destes dados incidirem nos EUA, um estudo da empresa «Pew Internet» revela que, em comparação com 2004, o acompanhamento das presidencias em 2008 através da web teve o dobro de utilizadores. No eleitorado jovem, 42 por cento dos inquiridos entre os 18 e 29 anos apontaram a preferência pela internet para recolher informação, número que contrasta com os 20 por cento registados há quatro anos. Em termos globais, a internet é o principal meio de informação para 24 por cento dos entrevistados, contra os 13 por cento registados em 2004.
Nas presidenciaias de 2008 a mesma empresa refere que a Internet foi decisiva nas eleições presidenciais que elegeram Barack Obama: "
Mais da metade dos americanos - cerca de 55% deles - firmaram suas decisões políticas nas mais recentes eleições dos Estados Unidos utilizando a internet como fonte de informação".


Ao nível da comunicação política, o primeiro a utilizar os recursos da Internet foi Bill Clinton nas eleições primárias de 1992, através do correio electrónico. Mais tarde, nas eleições de 1996, Clinton fez um aproveitamento mais alargado destes recursos. Rapidamente a utilização deste meio foi alargada a outras forças partidárias e a outros países.

Para as primárias da eleição presidencial de Novembro de 2000, um candidato democrata recolheu 500 mil dólares de fundos através da Internet. Em 2004, segundo a agência Reuters, Kerry obteve mais de 80 milhões de dólares através de 500 mil donativos feitos pela Internet.
Nas presidenciais de 2008 foi dado um grande salto. Todos os candidatos democratas e republicanos nas primárias tinha sites, com links para páginas em redes sociais e muitos dos conteúdos eram em formato multimédia.

Na corrida final, entre McCain e Obama, a Internet desempenhou um papel importante. Como veículo de mensagens de informação e de publicidade: a campanha de Barack Obama terá gasto 7,97 milhões de dólares em anúncios no Google, Yahoo! e Facebook, assim como em publicidade em videojogos e em sites noticiosos.

Em declarações à Agência France Press, Michael Malbin, director do Instituto de Financiamento de Campanhas, afirma que "ninguém antes de Obama havia integrado a internet à campanha a este ponto, é algo totalmente novo".
O recurso a plataformas sociais permitiu à estrutura de Obama reunir informações sobre as pessoas: o endereço, código postal, os amigos e até mesmo as causas que defendem. No Facebook o candidato Democrata teve mais de 1,9 milhão de partidários (em 2009 tinha mais de 6 milhões) e no MySpace teve 650.000.  91.000 simpatizantes inscreveram-se nos boletins informativos sobre Obama no Twitter, um  site de socialização e mensagens em tempo real.
Barack Obama teve ainda presença no Linkedin, numa página de estudantes cujo grupo de apoio se constituiu em 2006 através do Facebook, foi referenciado na Digg e, além dos vídeos no Youtube, criou ainda uma página no Flickr.

 

A relevância deste meio atingiu um nível assinalável, de modo a que, depois de eleito, Barack Obama prometeu um programa semanal gravado no formato vídeo e divulgado em palataformas abertas como a do YouTube onde os seus vídeos foram vistos 16,6 milhões de vezes, contra apenas 1,6 milhão de McCain.

No dia seguinte à sua tomada de posse, a Casa Branca estreou uma página com vídeos. A meio do dia já tinha mais de 480 mil visualizações e 3 mil comentários o vídeo do discurso da tomada de posse.

Foi também através de um vídeo colocado no YouTube que Obama anunciou a sua recandidatura. O vídeo, que também aparece na página oficial de campanha de Obama (www.barackobama.com,) é constituido apenas por testemunhos que falam do desejo de ver Barack Obama a dar continuidade ao seu trabalho como Presidente dos EUA e termina com o slogan "It begins with us" ("começa por nós").

 

"A cada novo ciclo eleitoral, a Internet desempenha um papel mais significativo em determinar as notícias do dia, que são cruciais para criar opinião pública sobre temas e candidatos", comentou Andrew Lipsman, analista  da ComScore" também à Agência France Press, depois de serem conhecidos alguns números do tráfego na internet nos EUA , antes das presidenciais de 20008. Segundo estes dados, dispararam os acesso a blogs políticos e sites independentes. Um exemplo citado é o HuffingtonPost.com, blog e página de notícias, que se inclina para os democratas, criado pela escritora de origem grega Arianna Huffington, recebeu 4,5 milhões de visitas em Setembro, acima das 792.000 um ano antes.

 

Apesar de ser um meio já com grande afirmação, estes casos de sucesso não devem ser generalizados. Por razões socio-culturais, de acesso aos meios digitais, estratégias de comunicação mal concebidas.... Um dos exemplos foi a eleição presidencial de 2010 no Brasil. Segundo noticia o Público, os três principais candidatos, todos juntos, não tiveram mais de 750 mil subscritores no Twitter. Outro exemplo, "Dilma Rousseff e Marina Silva levaram a cabo outra novidade inspirada em Obama: a possibilidade de doações via Internet, uma opção não utilizada por José Serra. Mas esta campanha foi vista como um fracasso. Segundo o jornal Folha de São Paulo, Dilma Rousseff obteve 90 mil reais (40 mil euros; 0,18 por cento do total de doações) de 860 pessoas, e Marina Silva 75 mil reais (33,5 mil euros, 0,55 por cento do total de doações) vindos de 1118 internautas. Em 2008, Barack Obama tinha conseguido cerca de 3,5 milhões de dadores individuais."

 


PORTUGAL:
Em Portugal, as primeiras experiências foram depois das legislativas de 1995. Por um lado, o governo e as autarquias começaram a recorrer a páginas na Internet para divulgar as suas mensagens. Por outro lado, os partidos políticos começaram a criar e a actualizar conteúdos e serviços, o que permitiu uma melhor receptividade por parte dos cibernautas.

Os indicadores mostram que tem havido uma evolução positiva.

Nas legislativas de 1999 a página do PSD teve cerca de 169.000 acessos. A média diária subiu de 1.303 acessos (Julho) para 2.782 acessos (Outubro).
Nas legislativas de 2002 o site teve uma média de 2.104 utilizadores únicos/dia e 18.400 pageviews/dia. Entre 16 de Fevereiro e 18 de Março a página do PSD teve 65.217 utilizadores únicos e 559.244 pageviews.

A página do PS, entre 22 de Janeiro e 19 de Março de 2002, teve 69.697 visitas e 35.109 visitantes únicos. Neste período o site do PS teve 1.023.447 pageviews, o que dá uma média de 18.275 pageviews/dia.

A Internet é um excelente meio para a comunicação política.
É rápido, interactivo, eficaz na capacidade de resposta, não está sujeito a limitações no tempo e no espaço e não é caro, tendo em conta as suas potencialidades.
Para abrir uma página na Internet não são necessários milhares de euros. É um instrumento que as organizações com poucos recursos financeiros podem utilizar e que, se for concebido com criatividade, pode obter melhores resultados que uma página produzida com um orçamento muito maior. Por exemplo, nas legislativas de 2002, o
MPT (Movimento O Partido da Terra), que não tem grandes recursos, recorreu com grande frequência à divulgação das suas mensagens através da página na Internet e do e-mail. Quase todos os dias enviava mensagens para a comunicação social e alguns destes conteúdos foram publicados – foi o caso dos cartazes, que surgiram reproduzidos em alguns diários.

No caso de ser necessária uma resposta rápida ou divulgar de imediato uma iniciativa, a Internet é um dos meios mais eficazes – inclusive para comunicação interna. Em qualquer momento pode-se alterar o conteúdo da página ou enviar e-mails que num instante chegam aos destinatários. Através, por exemplo, de uma newsletter ou de uma mailing list, rapidamente e sem custos acrescidos pode-se transmitir a mesma mensagem a milhares de pessoas.

Por dia, nas eleições de 2001, o Labour enviava 32 mil e-mails.

Em, Portugal, nas legislativas de 1999, através do correio electrónico, o “«Novidades PSD» foi enviado diariamente, desde o início da campanha, para 1.684 pessoas” - Tal&Qual de 3 de Setembro de 1999.

Nas legislativas de 2002, o PSD difundiu diariamente uma newsletter que no último dia de campanha atingiu os 2.400 subscritores. Por sua vez, o PS teve 2.861 pessoas que receberam a newsletter diariamente e duas vezes por dia durante o período de campanha eleitoral. Na última semana de campanha, houve um aumento de quase 600 pessoas registadas.

As newsletters do PSD e do PS consistiam em notícias, agenda, imagens, apelo à participação em determinadas iniciativas – o PS fez dois apelos para envios de mensagens SMS – e o link para a página do respectivo partido.

Saliente-se ainda que os endereços registados poderão ser inseridos numa base de dados que servirá de suporte para posteriores campanhas eleitorais. No entanto, é preciso salvaguardar as exigências colocadas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados que advertiu, por várias vezes, que o “marketing” político através de comunicações electrónicas (SMS e e-mail) é ilegal se não existir uma pré-autorização dos destinatários.

Uma outra característica importante da Internet é que permite o contacto directo. Através de entrevistas interactivas, chats, fóruns e e-mail, é possível uma comunicação directa e personalizada entre o utilizador e um responsável de uma organização política.
Em Portugal, os partidos políticos, governo e autarquias têm, com alguma frequência, aproveitado esta interactividade.

É vulgar a utilização de uma caixa de correio para o líder e outros dirigentes da organização poderem receber mensagens dos utilizadores. Por exemplo, nas legislativas de 2002, o PSD utilizou com sucesso o «Dê a sua opinião» em que os utilizadores enviavam uma mensagem a Durão Barroso. No decorrer da campanha eleitoral, a média foi de duzentas mensagens por dia (entre 16 de Fevereiro e 18 de Março de 2002 foram enviadas 2.355 mensagens ao líder do PSD) onde colocavam dúvidas, elogios, críticas… Todas estas mensagens tinham uma resposta assinada por Durão Barroso, que, em muitos casos, originava um novo comentário de contentamento pela atenção dispensada pelo líder do PSD. Porque era «humanamente impossível dar capacidade de resposta a tantas solicitações», nas palavras de um dos responsáveis da página, o PSD teve de substituir esta rubrica por «Quem apoia Durão Barroso». Eram apenas mensagens de apoio e não implicava uma resposta – nos últimos 11 dias de campanha esta rubrica teve 791 mensagens de apoio.

O recurso a chats e fóruns é mais complicado e nem sempre é fácil envolver responsáveis políticos nestas iniciativas. Se ninguém filtrar as mensagens que são enviadas, a discussão pode descambar e servir apenas para enxovalhar alguns participantes. A experiência em Portugal nas Europeias de 99 provou este risco.

Face a esta experiência, nas legislativas de 2002, a interactividade passou a ser filtrada. O PS colocou em página oito fóruns e as respostas não entravam directamente na página.


12/03/2002 | Considera uma maioria absoluta socialista fundamental para o futuro de Portugal?
04/03/2002 | Qual a sua opinião sobre as recentes polémicas suscitadas pela Câmara do Porto e que colocam em causa o Euro 2004?
25/02/2002 | Concorda com a suspensão da construção do novo Aeroporto da OTA e do projecto para o comboio de alta velocidade?
18/02/2002 | Concorda com a manutenção do Rendimento Mínimo Garantido?
08/02/2002 | Concorda com a proposta de Ferro Rodrigues para a realização de mais debates televisivos entre os dois principais candidatos?
01/02/2002 | Concorda com a criação de 100 farmácias sociais?
28/01/2002 | Quais devem ser as prioridades do Governo de Ferro Rodrigues?
23/01/2002 | Que resultados espera da Convenção Nacional do PS?


O mesmo se passou com as entrevistas interactivas, que nunca ocorreram em tempo real. Ferro Rodrigues e muitos outros dirigentes do PS foram entrevistados, mas nunca se correu o risco de aparecer na página uma pergunta ou uma expressão deselegante.
O PSD recorreu às mensagens de apoio e às cartas ao líder e nunca permitiu o envio directo de mensagens para a página por parte dos utilizadores.

 

Através de uma página na Internet pode também ser divulgada informação detalhada sobre os programas, as listas, as biografias dos candidatos, alguns discursos importantes, apoios e testemunhos de notáveis…, na prática, é como produzir um jornal. A aposta central é na informação. O formato é igualmente simples, concreto, e a mensagem principal repetida através de vários instrumentos.
Uma das vantagens em colocar on-line alguns destes conteúdos é a de poderem ser copiados. É frequente alguns utilizadores «importarem» conteúdos para guardar em arquivo ou para transmitir a outras pessoas que não têm acesso à Internet. Por outro lado, é uma forma de disponibilizar aos jornalistas materiais que podem ser necessários para as notícias.
Habitualmente os partidos políticos já colocam on-line alguns documentos para que seja mais fácil fazer a importação e, em outros casos, colocam diariamente à disposição da imprensa imagens recolhidas na campanha eleitoral.
Nas legislativas de 1999 foram realizados 1.500 «downloads» do Programa Eleitoral do PSD.

É também vulgar serem colocados on-line alguns materiais de campanha que podem ser usados nas mais diversas situações. Por exemplo, pode-se usar o logo de um partido como imagem de fundo num computador ou alguns cartões serem enviados através de e-mail a pessoas conhecidas. Nas legislativas de 2002 estes recursos foram usados pelo PS e PSD. Nas legislativas de 2005 além destes recursos, foram ainda usados vídeos e músicas.

 

 

 

 A Internet pode também ser usada como instrumento de comunicação interna. Algumas organizações políticas colocaram à disposição das estruturas regionais material de campanha e guias de como produzir esses materiais. Nas autárquicas de 2001 o PS tinha on-line um guia sobre como fazer anúncios na imprensa, panfletos, os ícones do PS, comunicados à imprensa…. Nas legislativas de 2002 e 2005 PS, PCP e PSD tinham também este material à disposição das estruturas locais, mas o acesso era fechado.

 

Como são inúmeras as capacidades da Internet, a utilização destes recursos depende muito da imaginação de quem os produz.

 

Nas eleições europeias de 1999, a página do PS tinha um concurso onde os premiados podiam receber os brindes nas sedes do PS. O objectivo era levar as pessoas a contactar as estruturas de campanha, a estabelecer um contacto directo; além do brinde, era oferecido o material de propaganda.

 

Já nas legislativas de 2002 um dos maiores sucessos foi o envio de SMS com os conteúdos que estavam na página da Internet. Este processo era feito de duas formas. Num dos casos, «o PS tem enviado para os seus militantes mensagens com propostas que Ferro Rodrigues se propõe a levar a cabo caso seja eleito, e aqueles encarregam-se de as enviar para os telemóveis dos seus amigos» - Público 26 de Fevereiro de 2002. Noutro caso, eram os próprios utilizadores da página na Internet que escolhiam um conteúdo e um número de telefone para onde a mensagem era enviada. Em dois meses, foram enviadas 59.206 mensagens e só nos dois últimos dias de campanha (quinta e sexta-feira), foram enviadas cerca de 12.000 mensagens. O sucesso desta iniciativa fez com que, depois da homepage, a página dedicada ao SMS fosse a mais visitada pelos utilizadores. Em muitos casos havia um efeito multiplicador porque algumas pessoas difundiam a mesma mensagem para os amigos. Aliás, nesta campanha eleitoral, surgiram várias anedotas por SMS que se propagavam de uma forma extraordinária.

 

Uma outra possibilidade que está a ser aproveitada cada vez mais é a transmissão em directo de várias iniciativas partidárias. Em 1999 o PS transmitiu em directo a Convenção Nacional. O PSD fez também o mesmo com a transmissão em directo de alguns congressos.

Também nas legislativas de 2002 o PS fez a transmissão em directo de vários acontecimentos.
Por exemplo, o comício de encerramento foi visto em directo por 350 utilizadores da página on-line do PS. A apresentação do Programa de Governo do PS foi acompanhada por 427 utilizadores.

 

Uma página na Internet é um excelente meio de comunicação com os emigrantes, porque estes podem aceder a ela a custos muito reduzidos. Este facto é ainda mais relevante quando os emigrantes podem eleger quatro deputados para a Assembleia da República.

Além destas funções, a página na Internet pode servir ainda para a comercialização de produtos com a marca do partido e para a adesão de novos militantes.

No decorrer da campanha eleitoral das legislativas de 2002, 129 pessoas preencheram on-line a ficha de inscrição provisória para militante do PS entre os dias 6 e 19 de Março – o que dá uma média de quase 10 pessoas por dia.

 

Fora das campanhas eleitorais, as páginas podem ter outras funções, inclusive com iniciativas que não são partidárias. Por exemplo, a página do PS inseriu-se num vasto conjunto de sites que usaram a Internet como forma de pressão para ajudar Timor-leste nos tempos difíceis que se seguiram ao referendo, em 1999.

 

É face a esta realidade que os partidos políticos dão uma importância crescente às páginas na Internet e ao correio electrónico.

 

Segundo uma reportagem de Paula Silva, publicada no Tal&Qual de 3 de Setembro de 1999, na fase inicial da campanha, António Galamba, em nome do PS, afirmou que a Internet é um “instrumento de combate político muito importante” e sobre a página do PS  ainda “não temos um valor exacto, mas é muito significativo, não pode ser desprezado”. Do PP falou Luis Marreiros, adiantando que a página dos populares “já foi visitada por dezenas de milhares de pessoas”. O Bloco de Esquerda também apostou numa página e, segundo Jorge Costa, “muita gente já apareceu nas nossas iniciativas porque teve conhecimento delas através da Internet (…). A Internet é um espaço de intervenção importante e permite uma relação interactiva. A adesão à página tem sido boa: o nosso servidor indica-nos mais de 20 mil visitas”.

 

O reconhecimento destas potencialidades tem levado os partidos portugueses a apostar progressivamente na Internet.

 

Enquanto em 1995 não havia qualquer utilização significativa, em 1997, na lista de clientes da Telepac estavam registados apenas o PCP, PSD e o PS (no entanto, o MPT diz que está on-line desde Março de 1995). Em 1999 o apontador SAPO já referenciava 15 páginas de várias estruturas de partidos políticos e em 2002 estavam referenciadas duas dezenas.

http://www.bloco.org/
www.mpt.pt
http://www.cds.pt/
www.pcp.pt
www.ps.pt
www.psd.pt
http://www.pctpmrpp.org/
http://www.osverdes.pt/
http://www.pnd.pt/
http://www.movimentohumanista.com/ph
http://www.cidadevirtual.pt/liberal
http://www.partidonacional.org/
http://pous.pt.vu/
http://www.rupturafer.online.pt/

 

Para além das páginas oficiais dos partidos políticos é ainda possível encontrar outros sites que são produzidos por entidades regionais e locais.

Há ainda páginas de organizações e entidades próximas das organizações políticas que desenvolvem temáticas específicas.
Se todo o trabalho for devidamente coordenado, estes sites alcançam mais-valias significativas.

É um pouco o que se passa com o Labour, em Inglaterra. A página dos Trabalhistas com
frequência recorria a uma forte personalização de Tony Blair e a informação tem a ver essencialmente com a actividade governativa. As páginas são pouco pesadas, muito simples e apenas com a informação importante e actualizada.

A própria imagem de Tony Blair (utilizada na primeira campanha eleitoral para as legislativas), pouco institucional, com traços de alguma irreverência e o fundo negro evidenciava que se trata de uma mensagem dirigida para um público mais jovem e com preocupações estéticas.
Em todas as páginas havia uma mensagem repetida e sempre com o mesmo grafismo.

Uma nota final: uma página na Internet só pode funcionar se houver a devida divulgação.


Análise de algumas páginas na Internet de vários partidos políticos durante a pré-campanha e campanha eleitoral para as eleições legislativas de 1999,  2002 e 2005.

Página do PS:

Em 1999, na fase da pré-campanha, o PS estava ainda a preparar a sua página para as eleições legislativas. Aliás, todo o projecto estava a ser reformulado, desde a criação de um portal até à transmissão em directo de alguns eventos. Os passos que estavam a ser dados permitiram à página do PS ser a única página partidária a utilizar o vídeo para o visionamento dos tempos de antena. Eram ainda utilizados outros recursos como uma galeria de fotos, registos de imprensa, vários documentos de campanha, múltiplas ligações nacionais e internacionais, inclusive a partidos concorrentes. A página incluía ainda a ligação a um chat.
Na fase de campanha, com os acontecimentos em Timor-Leste, a página do PS passou a ter uma ligação a vários sites alusivos a Timor e até a uma petição a favor da causa timorense.

O PS tinha uma página fortemente personalizada em António Guterres (em coerência com o que se passou no decorrer de toda a campanha). A imagem do líder do PS era a mesma que era utilizada em outros suportes. O mesmo sucedia com o slogan “Portugal em boas mãos” que estava colocado em todas as páginas da internet do PS.

O PS permitia ainda aos cibernautas receberem informação por correio electrónico. No entanto, o e-mail do PS não estava personalizado, nem no caso do líder do partido.
Através da Internet o PS disponibilizou o programa eleitoral e a lista de candidatos por círculo – em alguns casos com uma breve biografia dos candidatos.
A agenda da caravana socialista era também divulgada com a descrição dos principais acontecimentos, a hora, o local e os intervenientes.

Em 2002 foi criada uma página especial dedicada à pré-campanha e outra para a campanha eleitoral. A gestão foi entregue a uma empresa especializada.
Esta página era exclusivamente dedicada às eleições e centrada na imagem de Ferro Rodrigues.
Em relação à página das legislativas de 1999, a principal novidade foi a introdução de mensagens SMS e das entrevistas interactivas.
Uma outra iniciativa importante foi a edição de uma newsletter diária.
Em 2002 havia mais interactividade e um menu mais diversificado.
Nas legislativas de 2005 surgiram as notícias por SMS e as frases do dia, com citações de dirigentes do PS e referências negativas da comunicação social aos partidos que estavam no Governo. Havia também uma galeria com fotos e tempos de antena  e um link para um blogue da autoria de José Sócrates.
A página convidava os internautas a enviar mensagens mas, mais uma vez, o correio electrónico não estava personalizado.
A página divulgava alguns dados sobre o secretário-geral do PS e também a lista dos candidatos a deputados, mas só o cabeça de lista por distrito teve direito a foto e biografia.
Após as eleições deu-se continuidade à actualização das notícias.

 

Página do PSD:

Em 1999, era fortemente personalizada. A imagem do líder do PSD aparecia em quase todos os registos. Desde cartazes a fotos, contactos de rua e mensagens que tinham igualmente a assinatura de Durão Barroso, reforçando assim o contacto directo.
A página estava dividida em duas estruturas: um menu com ligação a outras páginas e uma outra parte que permitia uma maior actualização. O menu estabelecia ligação à história do partido, órgãos, jornal oficial, lista de candidatos e uma base de dados com os resultados de eleições anteriores. As ligações eram apenas para estruturas do PSD.

Apesar dos avanços conseguidos, a página era muito densa, com muito texto e um tipo de letra excessivamente pequeno. A transcrição de alguns documentos pecou pelo mesmo defeito. Eram discursos transcritos na íntegra, sem qualquer destaque.
A página relatou o dia a dia da volta que Durão Barroso deu ao país durante duas semanas, no Verão, mas em alguns casos pecava por falta de actualização. Por exemplo, em 2 de Setembro a “última notícia” era de 6 de Agosto. A agenda também não era actualizada. No mesmo dia em que o PSD apresentou o seu programa eleitoral, nada constava na agenda. No arranque da campanha, no dia 16 de Setembro de 1999, quando já se conhecia a programação da campanha eleitoral, a última “foi notícia” era de 31 de Agosto de 1999.
Em coerência com o tipo de campanha que realizava, a página do PSD também transmitia uma mensagem negativa do PS e do Governo. Um dos ícones utilizados era a “rosa murcha” e aceitavam por e-mail “situações a denunciar” sobre a actividade do governo.
A página não utilizava outros recursos como som e vídeo. Mas disponibilizava fotos para uso da imprensa. Uma iniciativa que tinha como alvo preferencial a imprensa regional.
Com os acontecimentos de Timor, também a página do PSD passou a ter uma referência à causa timorense, com uma lista de links e de contas de solidariedade.

Em 2002 houve alterações profundas. O PSD criou uma página especial  http://leg2002.psd.pt  dedicada às eleições legislativas e contratou uma empresa especializada que fez o desenvolvimento e a gestão do site.
Foi seguramente uma das melhores páginas eleitorais. Tinha uma apresentação agradável e funções inovadoras.
Um outro dado importante é que tinha uma actualização muito frequente, por vezes com conteúdos diferentes ao longo do dia.
Através da página foi possível acompanhar em directo vários acontecimentos.

À semelhança de 2002, nas legislativas seguintes o PSD criou uma página especial http://leg2005.psd.pt/ dedicada às eleições. Perto do arranque da campanha eleitoral e até às eleições, esta foi a página de entrada do site do PSD. No entanto, terminadas as eleições, deixou de haver qualquer link. Na página de entrada do site estavam colocadas ligações para as páginas das legislativas, mas a de 2005 não aparecia. O que tornou quase nulo o efeito de, na página das legislativas de 2005, aparecer uma foto de Santana Lopes a agradecer a «todos os militantes e simpatizantes o apoio dado durante esta campanha eleitoral.»
A página das legislativas tinha uma grande diversidade de conteúdos. Notícias, imagens, vídeos, fotos, informação específica para emigrantes, listas de candidatos a deputados, informação sobre o líder….
A interactividade era também alargada.

 

Página do PCP:

Em 1999, o PCP era dos poucos partidos que ainda na fase de pré-campanha, no início de Setembro, já tinha tudo pronto. E de uma forma positiva no que se refere à transmissão das ideias chave.

A estrutura era simples, eficaz e versátil. A página tinha um menu fixo e uma outra parte que era actualizada. Era nesta parte, intitulada “destaques”, que se encontrava a ligação à página dedicada às legislativas.
Apesar de a primeira impressão mostrar um design leve e agradável, quando se passava para a leitura de alguns documentos já se tornava muito mais difícil e aborrecido. Eram textos muito longos, sem qualquer síntese, nem destaques. Mesmo as propostas consideradas mais relevantes (10 ao todo) não estavam devidamente resumidas.

A página inicial propiciava ligações apenas a organizações do PCP e o e-mail não estava individualizado.
A página também não era personalizada. O grande destaque era o símbolo do PCP. Só na lista dos órgãos nacionais é que aparecia a foto do secretário-geral. Mais tarde a página reproduziu um cartaz que tinha a imagem de Carlos Carvalhas, e todos os cabeças de lista tinham direito a fotografia. Refira-se igualmente que todos os candidatos tinham uma breve biografia

Um outro ponto positivo era a actualização permanente da agenda de campanha, com detalhes sobre as acções desenvolvidas pelos principais dirigentes do PCP A página também divulgava os horários da transmissão dos tempos de antena.

O ‘site’ não utilizava outros recursos como som e vídeo, mas recorria a animação na página dedicada às eleições legislativas. A animação era feita com duas frases chave, usadas na campanha – “mais respeito pelas pessoas” e “a esquerda que não imita a direita”. Só tinha um pequeno problema: o espaço não permitia, de uma forma directa, a leitura na íntegra destas frases.

O PCP fazia referência à questão timorense, aproveitando para divulgar intervenções de Carlos Carvalhas sobre este tema, nomeadamente com uma versão em inglês.

Logo a seguir às eleições legislativas o PCP actualizou a sua página, noticiando a entrega de quatro propostas na Assembleia da República e as intervenções feitas no decorrer no debate do Programa de Governo.

Em 2002, na fase de campanha eleitoral, já se entrava directamente na página que foi dedicada exclusivamente às eleições legislativas.
Em relação a 1999 verificou-se um maior cuidado no grafismo e o recurso a novas funções, como por exemplo gravações vídeo do líder e de apoiantes. Mais uma vez, alguns documentos eram muito longos.

Nas legislativas de 2005 uma das novidades foi uma Web-radio e a colocação de vídeos de acções de campanha. Foi dado grande destaque ao blogue de campanha de Jerónimo de Sousa.
A interactividade era incentivada e uma das possibilidades era através de um fórum de opinião.
O PCP aproveitou também esta página para dar a conhecer os candidatos, o programa eleitoral e as intervenções de Jerónimo de Sousa. Também foi dado grande destaque a uma lista de apoiantes, ordenada alfabeticamente, e a um documento sobre o balanço da actividade parlamentar.

À semelhança de 2002, o PCP aproveitou a página para colocar ao dispor das estruturas locais alguns modelos de cartazes e folhetos.

 

Página do PP:

A um mês das eleições legislativas de 1999, a página inicial dava destaque à lista de candidatos … para o Parlamento Europeu. A página do PP tinha igualmente uma ligação para relatos de conferências de imprensa, mas a última notícia era sobre um encontro com jornalistas em Novembro de 1998. No dia 2 de Setembro de 1999 a última actualização tinha ocorrido em Abril de 1999.
A página só foi actualizada – parcialmente -  no arranque da campanha eleitoral, e passou a estar personalizada. Na abertura passou a ter uma foto de Paulo Portas, mas nem a fotografia nem as cores correspondiam ao grafismo utilizado em outros suportes da campanha.
Com a actualização a página disponibilizou a lista de candidatos pelos vários círculos eleitorais (sem biografias) e o programa eleitoral, dividido em capítulos. O documento não tinha destaques, ilustrações, nem tratamento informativo, mas a divisão em capítulos permitia uma apresentação menos densa.

A actualização foi apenas parcial. Por exemplo, em Novembro de 1999, a página do PP ainda noticiava a última conferência de imprensa de 23/11/98.

Em traços gerais, a página do PP era simples mas pouco atraente, com pouca interactividade, sem som e vídeo e com pouca informação.
As potencialidades do correio electrónico não eram muito utilizadas. Havia apenas um e-mail em nome do CDS e a possibilidade de aderir ao PP através de inscrição na Internet.
Tinha ligações a quatro organizações, todas elas ligadas ao PP.
A página não fazia qualquer referência à questão de Timor-Leste.
Em 2002, na pré-campanha, a página encontrava-se desactualizada e na campanha eleitoral foi encerrada. No final de 2004 continuava com a mensagem: «de momento não é possível a ligação. Volte em breve» . Esta situação só foi ultrapassada algumas semanas antes das legislativas de 2005. A estrutura da página era bem diferente e assentava numa ferramenta mais desenvolvida.
A disposição dos conteúdos correspondia à estrutura organizacional. O partido, parlamento, governo, Europa e CDS on-line. Em cada uma destas secções havia um texto e uma imagem. A foto correspondia ao dirigente de topo dessa área.
Mais tarde foi inserida uma parte referente a notícias e uma outra secção com o programa de governo, a «equipa de governo», uma foto e uma frase do cabeça de lista por cada círculo eleitoral. Não havia a lista completa.
Disponibilizou-se uma ficha de inscrição, newsletter e arquivo de notícias. Mas era necessário fazer-se o registo para todos estes itens.
Também foi criada a funcionalidade do envio de mensagens por e-mail.
O site deixou de ser actualizado logo a seguir às eleições.

 

Página do BE:

Nas legislativas de 1999 não era uma página personalizada. As fotos e referências pessoais só eram utilizadas para divulgar alguns candidatos a deputados, com um critério que não era uniforme. Surgiam, inclusive, círculos eleitorais que nem tinham a lista de candidatos.
O Bloco de Esquerda optou por um visual que se identificava com a imagem da coligação e era coerente com os restantes materiais de campanha. A página tinha um grafismo simples e atraente para utilizadores jovens e irreverentes.
A página seguia a regra de não ter som nem vídeo. Apresentava a particularidade de aceitar contribuições financeiras.
À semelhança do PSD, o BE também utilizava a interactividade para receber sugestões, ideias e propostas.
Ao contrário das outras páginas (e também ao contrário do que se passava inicialmente na página do BE), os documentos tinham um formato adequado à internet – com síntese e destaques, utilização diversificada de cores e textos curtos. A página difundia ainda recortes de imprensa e comunicados.
Tinha ligações a outros sites, nacionais e estrangeiros, mas não inseria ligações a partidos concorrentes.
Antes das legislativas de 2002 o Bloco de Esquerda reformulou a página, essencialmente a nível gráfico.
Na campanha eleitoral as alterações realizadas ficaram-se apenas pela colocação de uma imagem idêntica a um outdoor. A outra novidade foi o envio de notícias por e-mail.

Nas legislativas de 2005 a página não sofreu grandes alterações, nem teve o dinamismo de campanhas eleitorais anteriores.

Página do MRPP/Luta Popular:

É um exemplo de como um partido com poucos recursos financeiros pode apresentar um produto de qualidade. O PCTP/MRPP tinha uma página bem concebida, dinâmica e com recursos criativos. Só é pena ter sido pouco divulgada.

Em vez de um texto longo, com uma mancha pesada e aborrecida, tal como sucedia em outras páginas, o MRPP avança com uma fórmula diferente. Dedicava ao texto, que vai correndo a pedido do utilizador, durante pouco mais de um minuto. A qualquer momento pode-se fazer parar o texto.

Outra particularidade da página era oferecer a reprodução de 14 murais. É uma ideia interessante que estava ligada à história e à imagem do partido. Ainda a campanha não tinha começado e já o MRPP dedicava uma página às eleições legislativas que, ao contrário do portal, era decepcionante. Era uma página estática, nada atraente, as cores das letras dificultavam a leitura e as listas de candidatos ainda estavam em construção (mesmo depois das eleições alguns círculos eleitorais – ex. Aveiro – ainda continuavam em construção).
Segundo o contador da página, em 2 de Setembro de 1999 fui o visitante número 2.056. Dois meses depois, em 4 de Novembro de 1999 fui o visitante 2.616

Página do MPT:
À semelhança do BE, em 1999 o MPT também tentava recolher fundos através da página da Internet. Só que o MPT apenas actualizou a página no decorrer da campanha. Na pré-campanha, no início de Setembro, a mensagem ainda era sobre as eleições para o Parlamento Europeu.
Depois da actualização, o MPT passou a ter uma página atraente, fazendo jus à sua presença na Internet desde Março de 1995 (uma das primeiras páginas de partidos em Portugal).

O MPT não personalizou a sua mensagem. Tinha no entanto a particularidade de, através das fotos dos dirigentes nacionais, disponibilizar o acesso a correio electrónico personalizado.

Logo a seguir às eleições legislativas, o MPT foi dos poucos partidos que actualizou a sua página, divulgando os resultados eleitorais por distrito e anunciando uma reunião dos órgãos nacionais.